EVANGELHO – Mc 1, 40-45
Naquele tempo: Um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: “Se queres tens o poder de curar-me”. Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: “Eu quero: fica curado!” No mesmo instante a lepra desapareceu e ele ficou curado. Então Jesus o mandou logo embora, falando com firmeza: “Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles!” Ele foi e começou a contar e a divulgar muito o fato. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-lo.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: Nosso Senhor faz hoje outro milagre: a cura de um leproso. É interessante que Jesus lhe diga: “não contes nada a ninguém”. Por que Jesus faz este pedido ao leproso? Porque como era o início da sua vida pública, não queria que sua fama se espalhasse. Como Jesus é o próprio Deus e conhece o ser humano, Ele sabia que os invejosos passariam a persegui-lo, como, de fato, aconteceu. Como sabemos, foi por inveja que Jesus foi condenado à morte e crucificado. Se percebemos alguma moção de inveja no nosso coração, peçamos a Deus que nos aumente a alegria de ver as coisas boas que os outros alcançam.
A partir de hoje gostaria de fazer uma série sobre Jó, este famoso personagem bíblico que é paradigma da paciência. Vamos conhecer melhor o que aconteceu com ele e como ele soube lidar com os sofrimentos da sua vida.
O livro de Jó, no Antigo Testamento, começa dizendo que havia na terra de Hus (a região de Hus estaria localizada entre a cidade de Damasco e o rio Eufrates, na orla do deserto da Arábia) um homem chamado Jó. Ele era íntegro, reto, temia a Deus e fugia do mal. Nasceram-lhe sete filhos e três filhas. Possuía, e aí vemos que era um homem muito rico, sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois, quinhentas jumentas e uma grande quantidade de escravos. Este homem era o mais considerado entre todos os homens do Oriente.
Depois diz que seus filhos tinham o costume de ir à casa uns dos outros, alternadamente, para se banquetearem e convidavam suas três irmãs para comerem e beberem com eles. E quando acabava a série dos dias de banquetes, Jó mandava chamar seus filhos para purificá-los e, na manhã do dia seguinte, oferecia um holocausto por intenção de cada um deles: porque, dizia ele, talvez meus filhos tenham pecado e amaldiçoado Deus nos seus corações. Assim fazia Jó cada vez.
Em seguida, ainda no primeiro capítulo, diz que num dia em que os filhos de Deus se apresentaram diante do Senhor, veio também Satanás entre eles. E travou-se o seguinte diálogo entre Deus e Satanás.
– O Senhor disse-lhe: De onde vens tu?
– Andei dando volta pelo mundo, disse Satanás, e passeando por ele.
– O Senhor disse-lhe: Notaste o meu servo Jó? Não há ninguém igual a ele na terra: íntegro, reto, temente a Deus, afastado do mal.
– Mas Satanás respondeu ao Senhor: É a troco de nada que Jó teme a Deus? Não cercaste como de uma muralha a sua pessoa, a sua casa e todos os seus bens? Abençoas tudo quanto ele faz e seus rebanhos cobrem toda a região. Mas estende a tua mão e toca em tudo o que ele possui; juro-te que te amaldiçoará na tua face.
– Pois bem!, respondeu o Senhor. Tudo o que ele tem está em teu poder; mas não estendas a tua mão contra a sua pessoa. E Satanás saiu da presença do Senhor.
E aí, ainda no primeiro capítulo, vem toda a desgraça a Jó:
Ora, um dia em que os filhos e filhas de Jó estavam à mesa e bebiam vinho em casa do seu irmão mais velho, um mensageiro veio dizer a Jó: Os bois lavravam e as jumentas pastavam perto deles.
De repente, apareceram os sabeus e levaram tudo; e passaram à espada os escravos. Só eu consegui escapar para te trazer a notícia.
Estando ele ainda a falar, veio outro e disse: O fogo de Deus caiu do céu; queimou, consumiu as ovelhas e os escravos. Só eu consegui escapar para te trazer a notícia.
Ainda este falava, e eis que chegou outro e disse: Os caldeus, divididos em três bandos, lançaram-se sobre os camelos e os levaram. Passaram a fio de espada os escravos. Só eu consegui escapar para te trazer a notícia!
Ainda este estava falando e eis que entrou outro, e disse: Teus filhos e filhas estavam comendo e bebendo vinho em casa do irmão mais velho, quando um furacão se levantou de repente do deserto, abalou os quatro cantos da casa e esta desabou sobre os jovens. Morreram todos. Só eu consegui escapar para te trazer a notícia.
E aí termina o primeiro capítulo dizendo que Jó se levantou, rasgou o manto e rapou a cabeça. Depois, caindo prosternado por terra, disse: Nu saí do ventre de minha mãe, nu voltarei. O Senhor deu, o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor! E o autor do livro de Jó diz: “Em tudo isso, Jó não cometeu pecado algum, nem proferiu contra Deus blasfêmia alguma”.
Lição: são muitas as questões que surgem ao conhecermos estes primeiros episódios da vida de Jó e a mais cruciante é esta: por que Deus permitiu que todas estas desgraças tremendas ocorressem a ele, se era um homem justo? Por que Deus permite o mal? Por que Deus permite o sofrimento? São estas questões que tentaremos responder ao longo desta série.