EVANGELHO – Mt 11, 25-30
Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos.
Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: a liturgia da Palavra deste domingo faz ressaltar a alegria que brota de um coração que percebe a grandeza do amor de Deus. Mas sublinha que a descoberta deste amor está reservada para os humildes e simples.
A primeira leitura que é do livro do profeta Zacarias, traz a profecia de Jesus que entrará em Jerusalém montado num jumentinho e nos fala da humildade (cf. Zc 9,9-10): “Eis que vem teu rei ao teu encontro; ele é justo, ele salva; é humilde e vem montado num jumento, um potro, cria da jumenta” (v. 9). Nota-se pelo texto a humildade do rei montado num jumento, e não sobre o cavalo, como ostentavam os reis e monarcas da época. O cavalo era a montaria própria do rei que ia para a guerra.
Na segunda leitura que é da carta de São Paulo aos Romanos nos fala da sabedoria de viver segundo o Espírito Santo. São Paulo vai nos dizer que se Jesus nos enviou, nos deu o Espírito Santo, precisamos viver segundo Ele e não segundo a “carne”. Se vivermos “segundo a carne”, morreremos, ou seja, não entraremos no Reino de Deus; mas, se vivermos segundo o Espírito, ressuscitaremos para a vida nova. Temos neste texto uma das mais interessantes e sugestivas antíteses paulinas: a “carne” e o “Espírito”. Viver “segundo a carne” é, na perspectiva de São Paulo, viver em oposição a Deus, ou seja, viver alheio aos ensinamentos do Senhor e aos seus mandamentos. Enquanto que “viver segundo o Espírito” é viver com Deus, escutando as suas inspirações. E nós sabemos que são os humildes que se abrem para Deus e vivem segundo o Espírito.
O Evangelho, por sua vez, nos traz uma verdade consoladora de Jesus: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso” (v. 28). Jesus promete dar a todos o descanso, mas sob uma condição: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e assim encontrareis descanso para as vossas almas” (v. 29).
Para ter este descanso, Jesus fala que precisamos ser humildes, pois Ele é manso e humilde de coração. A humildade, como vimos, nos abre para Deus e Deus vem ao nosso encontro e nos carrega no colo fazendo-nos descansar.
E para ter este descanso, Jesus fala que temos que levar sobre nós o seu jugo. Entende-se como jugo uma barra de madeira que é colocada sobre um ou dois animais para puxarem uma carga pesada. O jugo equilibra a carga, tornando-a mais fácil de ser levada. Este jugo é o amor, pois o amor suaviza toda a carga da vida, suaviza o peso dos mandamentos, que deixam se ser carga para ser motivo de alegria.
Os fariseus, devido à sua visão distorcida da Lei, composta de 613 mandamentos, tornava-os um “jugo” pesadíssimo por verem Deus como um juiz severíssimo. A impossibilidade de cumprir, no dia a dia, os 613 mandamentos da Lei, criava consciências pesadas e atormentadas. Os judeus, incapazes de estar em regra com a Lei, sentiam-se condenados e malditos, afastados de Deus e indignos da salvação. A Lei aprisionava em lugar de libertar e afastava os homens de Deus ao invés de os conduzir para a comunhão com Ele.
Cristo nos mostrará que o que está por trás da Lei é o amor. Porém a descoberta do amor passa pela humidade. Um dos mais belos frutos da humildade é esse que está no Evangelho deste domingo: o ter os olhos abertos para entender as verdades de Deus e amá-lo. Porém, os soberbos e os arrogantes e aqueles que presumem ser sábios, ficam impermeáveis a Deus, aos seus ensinamentos, ao seu amor e, consequentemente, não encontram descanso para as suas almas. “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultastes estas coisas aos sábios e aos doutores e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11,25).
Peçamos a Deus que nos ajude a ser humildes e assim abrir-nos para as maravilhas de Deus.
