EVANGELHO – Jo 5, 33-36
Naquele tempo, Jesus disse aos judeus: Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. Eu, porém, não dependo do testemunho de um ser humano. Mas falo assim para a vossa salvação. João era uma lâmpada que estava acesa e a brilhar, e vós com prazer vos alegrastes por um tempo com a sua luz. Mas eu tenho um testemunho maior que o de João; as obras que o Pai me concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou.
– Palavra da Salvação.
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: Que bonitas são estas palavras de Jesus a respeito de São João Batista: “João era uma lâmpada que estava acesa e a brilhar, e vós com prazer vos alegrastes por um tempo com a sua luz”. Se São João Batista já alegrou as pessoas com a sua luz, imaginem a alegria que Jesus nos dá com sua luz divina e que não é por um tempo, mas eterna?
Isto nos faz pensar em onde devemos procurar a felicidade.
Se há algo que todos nós, sem nenhuma exceção, procuramos é a felicidade. Por outro lado, como é difícil encontrá-la apesar de sermos muitíssimo mais evoluídos economicamente do que séculos e milênios atrás.
Os bens materiais estão à mão, o prazer de todos os tipos e cada vez mais refinado está à mão, no entanto as pessoas continuam insatisfeitas. Costumo dizer que hoje e, em qualquer época da história, ninguém resiste a três perguntas:
– você é feliz?
– você é feliz mesmo?
– você é feliz mesmo, mesmo?
Na primeira pergunta, todos costumam dizer que sim, que são felizes. Na segunda, já apontam alguns problemas na vida. Na terceira, quase todas desatam a chorar.
Por que isso ocorre? Onde está o problema?
O problema está em buscar a felicidade onde ela não está. Quem fala muito bem a respeito disso é um famoso autor espiritual da Idade Média, Tomás de Kempis, no seu livro Imitação de Cristo:
Toda criatura geme, diz o Apóstolo; e, de século em século, todo o mundo o repete depois dele. Que buscas, pois, nas criaturas (nas coisas da terra)? Que lhes pedes, e o que elas podem dar-te? Sempre agitadas, cheias de inquietações, as paixões desejam o repouso e não o encontram. Como te viria a paz se as paixões geram angústias e tempestades? Desengana-te, cessa de dizer às paixões: dai-me sossego.
O sossego está em Deus, e só em Deus. Só nele se acham a paz, a quietação, a alegria e a consolação. Volta-te para o Senhor teu Deus e renuncia a tudo o mais: então, e só então, começarás a gozar da verdadeira felicidade (Os 14, 2) (Tomás de Kempis, Imitação de Cristo).
Que palavras tão simples e tão profundas!!! Desde que começou o mundo até hoje toda a criatura geme, isto é, toda criatura que não busca a Deus, geme, sofre, angustia-se. Geme, pois busca a felicidade na criatura, nas coisas da terra. O que pedimos a elas e o que elas podem dar-nos? Pedimos tudo e elas nos podem dar muito pouco. Aí, o autor vai resumir esta busca de felicidade terrena nas paixões. Mas as paixões nunca se aquietam, as paixões geram angústias, justamente pois nelas não encontramos a felicidade e geram também tempestades, pois elas causam destruição.
Cessa de dizer às paixões: dai-me sossego, dai-me alegria, dai-me paz. Elas nunca nos darão isto. E aí Tomás de Kempis termina com estas palavras maravilhosas, fruto de alguém que também andou errante e que agora encontrou a fonte da felicidade: “O sossego está em Deus, e só em Deus. Só nele se acham a paz, a quietação, a alegria e a consolação. Volta-te para o Senhor teu Deus e renuncia a tudo o mais: então, e só então, começarás a gozar da verdadeira felicidade (Os 14, 2)”.
Vamos pensar nestas palavras! Jesus está se aproximando e é hora de abrir o coração para Ele.