EVANGELHO – Lc 10, 1-9
Naquele tempo: O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir.
E dizia-lhes: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita. Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: “A paz esteja nesta casa”! Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós. Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em casa. Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, curai os doentes que nela houver e dizei ao povo: “O Reino de Deus está próximo de vós””.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: Como dissemos, hoje é a festa de São Lucas Evangelista. São Lucas nasceu em Antioquia, no seio de uma família pagã. Era médico, como se depreende de muitos indícios, e converteu-se à fé por volta do ano 40. Acompanhou São Paulo na sua segunda viagem e esteve ao seu lado na última etapa da vida do Apóstolo. É autor do terceiro Evangelho e dos Atos dos Apóstolos.
Temos que agradecer hoje a São Lucas por transmitir-nos um maravilhoso Evangelho e a história da primitiva cristandade nos Atos dos Apóstolos, movido pela graça da inspiração divina, mas também mediante o esforço humano de um trabalho bem feito. Ele mesmo nos diz que redigiu a sua obra depois de ter investigado diligentemente tudo desde o princípio e que o fez de forma ordenada, não de qualquer maneira. Isto significa que procurou cuidadosamente fontes de primeira mão, muito provavelmente Nossa Senhora, os Apóstolos e até as pessoas que ainda viviam e que foram protagonistas dos milagres e da vida de Cristo… Sublinha expressamente no início do seu Evangelho que escreve o que disseram as testemunhas oculares. O seu próprio estilo literário – assim o faz notar São Jerônimo – indica como eram seguras as fontes de que se nutriu. Graças a esse esforço e à sua correspondência às graças que recebeu do Espírito Santo, hoje podemos ler, maravilhados, as narrativas da infância de Jesus, algumas belíssimas parábolas que apenas ele registra, como a do filho pródigo, a do bom samaritano, a do administrador infiel, a do pobre Lázaro… Também é de São Lucas o relato da aparição do Senhor ressuscitado aos dois discípulos de Emaús, um relato cheio de delicadeza e escrito nos menores detalhes.
Nenhum dos Evangelistas nos mostra a misericórdia divina para com os mais necessitados como o faz São Lucas. Ele ressalta o amor de Jesus pelos pecadores, pois Ele veio buscar e salvar o que tinha perecido, relata o perdão à mulher pecadora, a refeição na casa de um pecador como Zaqueu, o olhar de Jesus que transforma o coração de Pedro depois das negações, a promessa do Reino ao ladrão arrependido, a oração pelos que insultam e crucificam o Senhor no Calvário…
As mulheres e o empenho de Jesus por devolver-lhes a sua dignidade, pouco considerada naquele tempo, ocupam um lugar muito importante no seu Evangelho: a viúva de Naim, a pecadora arrependida, as mulheres galileias que põem os seus bens à disposição de Jesus e o seguem, as visitas do Senhor à casa das duas irmãs de Betânia, a cura de uma mulher encurvada, as mulheres de Jerusalém que se mostram compassivas com Jesus no caminho do Calvário…, são todas figuras mencionadas e realçadas apenas por este Evangelista.
Saía de Jesus, comenta em certa ocasião o Evangelista, uma virtude que curava a todos. E essa virtude continua a sair de Jesus sempre que entramos em contato com Ele.
Nenhum livro tem a virtude de aproximar-nos tanto de Deus como os livros da Bíblia que foram escritos sob a inspiração de Deus. E nenhum livro tem a virtude de nos aproximar tanto de Jesus como os Santos Evangelhos, Mateus, Marcos, Lucas e João, que narram a vida de Cristo”. Os Evangelhos são os livros mais valiosos que existem sobre a face da terra, pois eles nos levam a conhecer Jesus Cristo, o próprio Deus que assumiu a natureza humana. Nenhum livro como os Evangelhos:
– pode nos causar tamanho impacto;
– pode nos levar a uma transformação tão grande;
– pode nos transmitir uma sabedoria tão elevada;
– pode nos fortalecer tanto;
– pode nos consolar imensamente;
– pode nos alegrar profundamente;
– pode nos dar uma paz tão grande;
– pode iluminar tão poderosamente nossa vida aqui na terra.
Por quê? Porque nos Evangelhos está Jesus Cristo, o próprio Deus feito homem, a sua vida, os seus ensinamentos, o seu amor por nós. Como Deus é um mistério, os Evangelhos são uma fonte inesgotável de conhecimento, de sabedoria, de amor, levando-nos a amar cada vez mais a Deus e nos tornar-nos cada dia mais parecidos com Cristo.
O que acham de mergulhar no mistério apaixonante de Cristo? Quanto mais mergulharmos nele, mais amaremos a Deus, mais alimento encontraremos para sermos filhos seus de grande valor aqui na terra, reproduzindo em parte a sua vida que dividiu a história em dois: antes da sua existência e depois da sua existência.
Para isto: que sejamos perseverantes em ouvir estas homilias que faço questão de começar pela leitura do Evangelho do dia e que vocês consigam um tempo não só para ouvir a Palavra de Deus, mas para meditá-la, bastam 15 minutos, senão nunca mergulharemos a fundo em Cristo, e suas palavras não causarão um impacto tão grande na nossa vida. Quanto tempo gastamos no dia para o nosso trabalho e para uma atividade física? Será que a leitura e meditação da vida de Cristo não é mais importante do que todo o resto?
