EVANGELHO – Lc 9, 11b-17
Logo que a multidão o soube, o foi seguindo; Jesus recebeu-os e falava-lhes do Reino de Deus. Restabelecia também a saúde dos doentes. Ora, o dia começava a declinar e os Doze foram dizer-lhe: Despede as turbas, para que vão pelas aldeias e sítios da vizinhança e procurem alimento e hospedagem, porque aqui estamos num lugar deserto.
Jesus replicou-lhes: Dai-lhes vós mesmos de comer. Retrucaram eles: Não temos mais do que cinco pães e dois peixes, a menos que nós mesmos vamos e compremos mantimentos para todo este povo. (Pois eram quase cinco mil homens.) Jesus disse aos discípulos: Mandai-os sentar, divididos em grupos de cinquenta.
Assim o fizeram e todos se assentaram. Então Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e deu-os a seus discípulos, para que os servissem ao povo. E todos comeram e ficaram fartos. Do que sobrou recolheram ainda doze cestos de pedaços.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: O Evangelho que é sugerido para a missa desta grande festa é o Evangelho da multiplicação dos pães e dos peixes. É um bom Evangelho para aludir a festa da Eucaristia que é alimento para a nossa alma.
A festa de hoje tem a sua origem com uma santa chamada Santa Juliana. Ela foi uma freira agostiniana que viveu em Liège, na Bélgica, entre os anos 1191 a 1258. Naquele tempo na diocese de Liège havia um verdadeiro “culto à Eucaristia”. Insignes teólogos haviam ilustrado o valor supremo do Sacramento da Eucaristia e um grupo de mulheres fervorosas dedicavam-se ao culto eucarístico e à comunhão. Guiadas por sacerdotes exemplares, viviam juntas, dedicando-se à oração e às obras de caridade.
Órfã aos cinco anos, Santa Juliana e sua irmã foram confiadas aos cuidados das freiras agostinianas do convento-leprosário de Mont-Cornillon. Anos mais tarde tornou-se também ela freira agostiniana. Adquiriu uma notável cultura, a ponto de ler as obras dos Padres da Igreja em língua latina, em particular Santo Agostinho e São Bernardo. Além de uma vivaz inteligência, Juliana mostrava, desde o início, uma propensão particular para a contemplação; tinha um sentido profundo da presença de Cristo, que experimentava vivendo de modo particularmente intenso o Sacramento da Eucaristia e detendo-se frequentemente a meditar sobre as palavras de Jesus: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20).
Aos 16 anos teve a primeira visão que repetiu-se mais vezes nas suas adorações eucarísticas. A visão apresentava a lua no seu pleno esplendor, com uma faixa escura que a atravessava diametralmente. O Senhor a fez compreender que a lua simbolizava a vida da Igreja sobre a terra, a linha opaca representava, por sua vez, a ausência de uma festa litúrgica na qual os fiéis pudessem adorar publicamente a Eucaristia para aumentar a fé e reparar as ofensas cometidas contra o Santíssimo Sacramento.
Passados mais de 20 anos, o bispo de Liège acolheu a proposta de Juliana e instituiu, pela primeira vez, a solenidade de Corpus Christi na sua diocese. Mais tarde, outros bispos o imitaram, estabelecendo a mesma festa nos territórios confiados aos seus cuidados pastorais.
Apesar destes acolhimentos, enfrentou muitas dificuldades até que assumiu o papado o papa Urbano IV, em 1264. Ele havia sido vigário-geral da diocese de Liège e conhecia Santa Juliana. Urbano IV, através de uma bula datada de 11 de agosto de 1264 instituiu a solenidade do Corpus Christi para toda a Igreja. Diz a bula: “Embora a Eucaristia seja celebrada solenemente todos os dias, consideramos justo que, ao menos uma vez por ano, se faça dela uma memória mais honrosa e solene”.
Urbano IV celebrará pela primeira vez esta solenidade na cidade de Orvieto, onde morava. Neste dia realizou também a procissão do Corpus Christi. Também a seu pedido, foi colocado na catedral da cidade o célebre corporal que atesta um milagre ocorrido um ano antes, em 1263, na cidade de Bolsena.
Um sacerdote, enquanto consagrava o pão e o vinho, foi tomado por fortes dúvidas sobre a presença real do Corpo e do Sangue de Cristo no Sacramento da Eucaristia. Milagrosamente, algumas gotas de sangue começaram a fluir da Hóstia consagrada, confirmando, desse modo, a presença de Cristo na Eucaristia. Urbano IV pediu a um dos maiores teólogos da história, São Tomás de Aquino – que naquele tempo acompanhava o Papa e encontrava-se em Orvieto –, para compor os textos do ofício litúrgico dessa grande festa. Ainda hoje rezamos estas orações assim como o famoso hino “Adoro te devote”, também composto por São Tomás.
Nos anos que morei na Itália, estive na cidade de Orvieto e pude ver este corporal. Como vocês sabem, o Beato Carlo Acutis adorava pesquisar os milagres eucarísticos já ocorridos no mundo. São mais de 300. Segue na descrição deste vídeo o seu site.
Lição: Pedir a Deus que aumente a nossa fé na sua presença na Eucaristia e que, como consequência disto, saibamos visitar, se possível, diariamente Jesus que se encontra em todos os Sacrários das igrejas e que fiquemos perplexos, como o Carlo Acutis, que se faça fila para entrar num estádio de futebol enquanto as igrejas, onde estão o próprio Cristo, estão vazias.
http://www.miracolieucaristici.org/pr/Liste/list.html