EVANGELHO – Jo 3, 1-8
Havia um chefe judaico, membro do grupo dos fariseus, chamado Nicodemos,
que foi ter com Jesus, de noite, e lhe disse: “Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus. De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes, a não ser que Deus esteja com ele”. Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade te digo, se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus”. Nicodemos disse: “Como é que alguém pode nascer, se já é velho? Poderá entrar outra vez no ventre de sua mãe?” Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus”. Quem nasce da carne é carne; quem nasce do Espírito é Espírito. Não te admires por eu haver dito: Vós deveis nascer do alto. O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: o Evangelho de hoje narra o episódio do encontro de um chefe judaico, chamado Nicodemos, com Jesus. Ele, junto com José de Arimateia, serão os únicos doutores da Lei que seguirão Jesus. Nosso Senhor lhe fala, mas de um modo misterioso, do sacramento do batismo que dará início à nossa vida com Deus, depois que nos perdoar dos pecados morrendo na cruz. Todo sacramento será um canal da graça. Com esta ajuda poderosa de Deus através da graça, não há porque não ter esperança na vitória diante dos desafios da nossa vida.
Dando continuidade à nossa série sobre a esperança, gostaria que nas próximas homilias considerássemos alguns personagens da Bíblia que mostraram uma grande esperança.
O primeiro que gostaria que considerássemos é Abraão. São Paulo vai dizer numa das suas cartas que “Abraão esperou contra toda esperança”. É verdade! Abraão confiou e esperou em Deus quando tudo parecia que era ilógico esperar.
A história de Abraão começa no capítulo 12 do Gênesis quando Deus lhe aparece e lhe diz: “Deixa tua terra, tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que eu te mostrar. Farei de ti uma grande nação; eu te abençoarei e exaltarei o teu nome, e tu serás uma fonte de bênçãos”. Em seguida, prometeu-lhe uma descendência numerosa como “as estrelas do céu”. Porém, veja só, nesta altura Abraão tinha 75 anos e sua esposa, Sara, 65 e era estéril. E Abraão, contra toda esperança, acreditou nesta promessa de Deus e começou a sua peregrinação da Mesopotâmia, onde habitava, para a terra prometida, onde hoje está Israel.
Deus testou enormemente Abraão, pois esta promessa demorou 25 anos para se cumprir. Deus ia continuamente dizendo que sua descendência seria como as estrelas do céu e nada acontecia. Pelo contrário, Abraão e Sara só iam ficando mais velhos tornando mais difícil de acreditar e esperar na promessa divina.
Por fim, quando Abraão tinha 100 anos de idade e Sara, 90, Isaac finalmente nasceu. Mas, o mais incrível foi que Deus, depois de uns anos, pediu para a Abraão sacrificar Isaac. Esta prova foi a mais difícil que Deus pediu a Abraão. Deus submeteu Abraão à prova de não só perder o filho que daria descendência a esta nação que seria como as estrelas do céu, como de se desprender deste filho que era a alegria da sua vida. Apesar de tudo, Abraão confia totalmente em Deus, de que o que Deus está pedindo é o melhor, e leva seu filho para ser sacrificado no alto do monte onde séculos depois foi construído o Templo de Jerusalém. Porém, na hora de Abraão dar o golpe fatal a Isaac, um Anjo do Senhor o parou.
O que Deus quis fazer com Abraão? Prepará-lo para ser o pai da imensa nação do povo eleito e para isso ele precisava mostrar que confiava e esperava totalmente em Deus. E Abraão passou na prova. Por isso, nós dizemos que Abraão é o nosso pai na fé, pois manifestou uma fé e esperança em Deus, incríveis.
Que seguindo o exemplo de Abraão, nunca duvidemos das promessas de Deus e, de modo especial, da promessa de que Ele nunca nos abandonará.
