ESPERANÇA (2): SER JOVEM OU VELHO (1)

EVANGELHO – Mt 28, 8-15

Naquele tempo: As mulheres partiram depressa do sepulcro. Estavam com medo, mas correram com grande alegria, para dar a notícia aos discípulos. De repente, Jesus foi ao encontro delas, e disse: “Alegrai-vos”! As mulheres aproximaram-se, e prostraram-se diante de Jesus, abraçando seus pés. Então Jesus disse a elas: “Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão”. Quando as mulheres partiram, alguns guardas do túmulo foram à cidade, e comunicaram aos sumos sacerdotes tudo o que havia acontecido. Os sumos sacerdotes reuniram-se com os anciãos, e deram uma grande soma de dinheiro aos soldados, dizendo-lhes: “Dizei que os discípulos dele foram durante a noite e roubaram o corpo, enquanto vós dormíeis. Se o governador ficar sabendo disso, nós o convenceremos. Não vos preocupeis”. Os soldados pegaram o dinheiro, e agiram de acordo com as instruções recebidas. E assim, o boato espalhou-se entre os judeus, até ao dia de hoje.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
Jesus ressuscitado aparece às santas mulheres e lhes diz: “Alegrai-vos” e depois: “Não tenhais medo”. Como não ter esperança num Deus que ressuscitou e nos diz estas palavras?

Ontem demos início à nossa série sobre a esperança e falamos que a Páscoa é a festa da remoção das pedras, é a festa do Deus Vivente que nos enche de esperança.

Sabemos que a esperança é uma virtude importantíssima para a nossa vida. É a esperança que nos faz acordar de manhã dispostos a trabalhar, é a esperança que nos faz continuar o casamento, é a esperança que nos faz rezar pela cura de uma doença, é a esperança que nos faz ir atrás de todas as nossas metas. Sem ela, caímos em depressão e ficamos prostrados na cama.

Como esta virtude é importantíssima e a mensagem da Páscoa é uma mensagem de alegria e esperança, esta é uma boa oportunidade para aprofundarmos no seu conhecimento.

A primeira coisa que podemos dizer é que é a esperança que nos faz ser jovens ou velhos. É o que diz Dom Rafael Llano no seu livro “Juventude para todas as idades”. Vejamos:

* * *

JUVENTUDE E VELHICE

A acepção normal que damos a estas palavras vincula-se habitualmente a uma situação cronológica: diz-se que uma pessoa é mais ou menos jovem ou velha dependendo do maior ou menor número de anos que tenha de vida. Mas, ao mesmo tempo, compreendemos que essa situação cronológica às vezes não coincide com a situação anímica, pois temos experiência de que, por razões de saúde ou pela maneira de encarar a vida, existem “velhos” prematuros e “jovens” de idade avançada. A par do significado habitual dessas palavras, a juventude e a velhice têm também uma conotação claramente espiritual.

André Maurois escreveu que “a velhice está, mais do que no cabelo branco e nas rugas, no sentimento de que é tarde demais, de que o jogo já acabou… O verdadeiro mal da velhice não é a debilitação do corpo, mas da alma.

(…) «Para quê?», pensa o velho. Esta é talvez para ele a fórmula mais perigosa, porque, depois de ter dito: «para que lutar?», dirá um dia: «para que sair de casa?»; depois, «para que sair da cama?»; depois, esse: «para que viver?», que abre as portas da morte” (André Maurois, Arte de vivir; 31ª Ed. Hachette, Buenos Aires, 1960, pág. 148).

Num sentido não de todo alegórico, podemos repetir o que escrevia aquele velho general da Segunda Guerra mundial: “A juventude não é uma época da vida, é um estado da alma; se os anos enrugam a pele, perder o ideal enruga a alma”. Mas se não podemos cronometrar um estado da alma pela esfera do relógio ou pelas páginas do calendário, nem avaliá-lo com um eletrocardiograma, qual será a medida adequada para dimensioná-lo?; que critério escolheremos para determinar a consistência, a altura e a profundidade desses estados da alma que são a juventude e a velhice?

Diríamos, sem dúvida, que essa medida depende da atitude mental que a perspectiva do futuro suscite em cada ser humano. É jovem aquele que espera muito do futuro; que sabe projetar diante dos seus olhos grandes horizontes existenciais; que é capaz de utilizar o passado e o presente como um trampolim para o futuro. É velho um homem de futuro débil, apagado, e que por isso tem o seu campo visual circunscrito ao imediato: do passado não colhe alento para retificá-lo e superá-lo, mas apenas um saudosismo melancólico: o futuro não o magnetiza, mas deixa-o apreensivo.

O jovem vive de esperanças. O velho perde a sua vida nas lembranças.

A juventude é um impulso vital lançado para a frente, um desejo profundo – criado e recriado cada dia – de chegar a ser; uma tensão voltada para a realização de um objetivo que reclama todas as energias. É como um vetor de força.

(…) A juventude define-se pela capacidade de arranque e a velhice pela acomodação. Por isso bem podemos concordar com aquela sentença do velho general que acabamos de citar: “Perder o ideal enruga a alma”. E também por isso podemos afirmar que o mundo está cheio de jovens sem juventude. Nunca percebemos, porventura, não sei que sombra de tédio, de desajeitada indolência, de precoce fim marchando atrás de uma figura de dezenove anos? É um jovem velho. E, em contrapartida, não tropeçamos alguma vez com a esplêndida surpresa de um ancião em plena juventude de espírito, a alma tensa, o olhar cravado no alto mar das suas esperanças, a mão firme no leme da vida? É um velho jovem.

Lição: independente da minha idade, eu sou um jovem ou um velho? Que nota daria para a minha virtude da esperança? Que cada um faça uma reflexão.

ESPERANÇA (2): SER JOVEM OU VELHO (1)

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