DOUTRINA (21): PECADO (1)

EVANGELHO – Lc 11, 1-4

Um dia, Jesus estava rezando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos”. Jesus respondeu: “Quando rezardes, dizei: “Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação””.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
hoje São Lucas no seu Evangelho nos transmite este momento tão especial que Jesus nos ensinou a oração mais perfeita de todas, pois foi-nos transmitida pelo próprio Deus. Que tenhamos muito amor pelo Pai-Nosso. Numa outra ocasião irei explicar melhor os sete pedidos desta oração.

Continuando à nossa série das quartas-feiras sobre a Doutrina da Igreja, hoje vamos falar sobre o pecado, sua natureza, seu sentido. Vamos dividir em várias partes, pois é um tema um pouco extenso e denso, pois vou aprofundar nele, já que é um tema tão importante.

NATUREZA DO PECADO

O Pecado, diz Santo Agostinho, “é qualquer palavra, ato ou desejo contra a lei de Deus” (cf. Contra Faustum, I, 22 c. 27; P.L., 42, 418). Ou – na definição clássica – pecado é:

a) a transgressão: ou seja, violação, desobediência;

b) voluntária: porque se trata, não apenas de um ato meramente material, mas de uma ação formal, advertida e consentida;

c) da Lei divina.

OS DOIS ELEMENTOS DE QUALQUER PECADO

Ao falar do pecado, todos os autores estão de acordo em afirmar que são dois os elementos que o constituem internamente: o afastamento ou aversão a Deus, e a conversão às criaturas. Uma realidade leva à outra: se eu me afasto de Deus é porque eu me prendo às criaturas, divinizo, de alguma forma, as criaturas. Servindo a elas, pondo nelas minha felicidade.

De quantos modos se pode pecar?

Pode-se pecar de quatro modos: por pensamentos, palavras, atos e omissões.

Peca-se por omissão deixando de praticar algo que temos obrigação de praticar.

MALÍCIA DO PECADO

Para entendermos a malícia do pecado, precisamos voltar ao pecado original.

Deus criou nossos primeiros pais, Adão e Eva, e os colocou num paraíso aqui na terra. E, de modo figurado, disse que no meio do deste jardim havia duas árvores: a árvore da vida e a árvore do bem e do mal. Se tudo corresse bem, eles e seus descendentes, depois de passarem por um período de prova, provando o amor a Deus, iriam ao Céu sem passar pelo sofrimento e pela morte. Porém, como sabemos, eles pecaram.

Eles pecaram comendo do fruto da árvore do bem e do mal. O que significa isto? É uma linguagem figurada, mas significa que, de alguma forma, quiseram determinar o que é o bem e o mal, quando quem determina isto, é Deus.

Dito assim, parece que Deus é um tirano, autoritário e que se não fazemos o que Ele quer, Ele castiga. Não é nada disso. Vamos por partes.

Primeiro Deus decidiu, por amor, nos criar e criar todo o universo. Deus é um ser perfeitíssimo, e isto podemos provar racionalmente, e não tem necessidade de mais nada para se tornar mais feliz. Porém, por livre vontade, decidiu nos criar. Foi como se pensasse assim: “se Eu sou tão feliz, porque não crio seres que possam participar da minha felicidade”. Com este pensamento, decidiu criar os homens e os Anjos, dotando-nos de capacidade para o conhecer e amar. Deus que é o Amor infinito e a Felicidade infinita nos cria para participarmos deste Amor e desta Felicidade infinitas.

Reparem que todo ser inteligente, quando faz algo, faz por um fim. Deus ao nos criar, criou-nos para um fim. E qual é este fim: o que dissemos acima: participar da sua felicidade. Não poderia nos dar outro fim, pois sendo a Suma Bondade, só nos podia dar o melhor: adotar-nos como filhos seus e dar-nos o presente de podermos viver um amor e uma felicidade infinitas junto dEle, participando da sua Vida íntima.

Agora: não é verdade que uma vez que se estabelece um fim, que é bom, tudo aquilo que nos leva para aquele fim é algo bom e tudo aquilo que nos afasta deste fim é algo ruim? Por exemplo, formar-nos numa profissão estudando numa faculdade. Diante deste fim bom, tudo aquilo que nos levará a alcançar este fim será algo bom e tudo aquilo que nos desviará deste fim será algo ruim. É assim que surge o bem e o mal: uma vez que se estabelece um fim bom, tudo aquilo que nos conduz a ele é bom e tudo aquilo que nos afasta dele, é ruim.

Deus deu a nós o melhor fim que poderia dar: o amor e a felicidade infinitas participando da sua Vida. Se este é o fim, Deus sabe muito bem qual é o caminho para chegar até ele. E o caminho são os 10 mandamentos e os ensinamentos que Jesus, que é o próprio Deus, nos transmitiu aqui na terra. Portanto, Deus não é um tirano, autoritário, que sente alegria em castigar-nos quando não o obedecemos. Deus como bom Pai o que quer é a nossa felicidade plena e, para isso, nos mostra o caminho. Não é isto que faz todo bom pai na terra estabelecendo regras e mostrando o caminho para o bem para os seus filhos?

Nós, como criaturas, se fôssemos sábios, seguiríamos perfeitamente o caminho estabelecido por Deus já que o que Deus quer de nós é a nossa felicidade infinita. Porém, com a nossa liberdade podemos nos insurgir contra Deus, movidos pela soberba, desobedecendo as suas leis, querendo ser os donos do nosso caminho, donos do que é certo e do que é errado, que é comer do fruto do bem e do mal.

O que significa o homem comer do fruto da árvore do bem e do mal? Significa apropriar-se do bem e do mal. E apropriar-se do bem e do mal significa o próprio homem dizer o que é o bem e o que é o mal. Significa não querer saber o que Deus nos fala a respeito disso, sendo que o que Deus mais quer é que sejamos plenamente felizes e, sendo a Sabedoria Infinita, Ele é quem sabe o que faz bem a nós e aos outros e o que faz mal a nós e aos outros.

Um exemplo de apropriação do homem do bem e do mal: dizer que o aborto é um bem. Deus nos diz no quinto mandamento que a vida humana é sagrada e inviolável. E que a vida, na sua essência, é Ele quem a dá. Nenhum ser pode dar a vida a não ser Deus. Por exemplo, uma vez que a alma já não está no corpo, ninguém pode fazê-lo voltar à vida. Só Deus. E o que muitas pessoas e grandes instituições mundiais tem dito: que o aborto é um direito.

Neste sentido, um tempo atrás li a notícia que vários países da Europa estavam se gabando de terem as taxas mais elevadas de aborto em crianças com síndrome de down. Imaginem Deus, que é Amor Puro, que é o dador da Vida, que é o Pai dos pais de todas as criaturas, ouvindo isto.

O que há na raiz desta atitude humana? Uma grande soberba. Achar que nós, que somos meras criaturas, sabemos o que é certo e o errado, o que nos leva à felicidade e o que não nos leva. A soberba é terrível: coloca-nos em pé de igualdade com Deus!

Por isso nós dizemos que o pecado original foi um pecado de soberba e de desobediência a Deus.

E qual é o problema do homem estabelecer os próprios mandamentos? Além de ser uma atitude de soberba, que já é um grande pecado em si, é começar a percorrer a estrada do mal, onde um mal vai se sucedendo a outro, ocasionando verdadeiras destruições.

Lição: Deus é um Pai maravilhoso e o único que quer é a nossa felicidade plena. Sejamos sábios e sigamos os seus mandamentos.

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