DIFICULDADES: SEU VALOR (3)

EVANGELHO – Lc 21, 20-28

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, ficai sabendo que a sua destruição está próxima. Então, os que estiverem na Judeia, devem fugir para as montanhas; os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se; os que estiverem no campo, não entrem na cidade. Pois esses dias são de vingança, para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras. Infelizes das mulheres grávidas e daquelas que estiverem amamentando naqueles dias, pois haverá uma grande calamidade na terra e ira contra este povo. Serão mortos pela espada e levados presos para todas as nações. E Jerusalém será pisada pelos infiéis, até que o tempo dos pagãos se complete. Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas. Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
quando Jesus fala que Jerusalém será cercada pelos exércitos, está falando tanto do que aconteceu ano 70 quando Jerusalém foi destruída pelos romanos e inclusive o Templo ficando só com o que vemos ainda hoje, como também está se referindo ao fim dos tempos. Neste caso, Jerusalém pode ser uma imagem do próprio mundo que passará por uma grande tribulação.

Focando o fim dos tempos, Jesus diz que serão dias de vingança. Que vingança é esta que Jesus está se referindo? Sabemos que Deus é todo Amor, é Pai, e não é um Deus vingativo. No entanto, como todo pai, com filhos rebeldes, para que aprendam, lhes dão um castigo. Vendo toda a maldade que há hoje no mundo, com todo o desprezo das suas Leis, até estranhamos que Deus ainda não o tenha castigado. Por muito menos, Deus enviou o dilúvio no Antigo Testamento. Se Deus ainda não castigou o mundo é porque o seu Amor imenso. Mas assim como um bom pai vê a necessidade do castigo, Deus também vê esta necessidade. O castigo não será fruto de uma raiva, pois Deus é puro Amor, e a raiva só existe quando o amor não é perfeito. O castigo será fruto de um pai que vê no castigo uma última forma dos seus filhos caírem em si no mal que estão cometendo e pedirem perdão e retomarem novamente ao bem.

É neste contexto que se entende a grande tribulação que haverá no fim dos tempos. É neste contexto que se entende estas palavras de Jesus: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas”.

Nada disto nos deve abalar ou aterrorizar-nos, pois como Jesus disse ontem no Evangelho, “vós – e aqui Ele se refere aos seus eleitos, aqueles que procuram amá-lo e servi-lo – não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça”.

Que estas palavras de Jesus nos sirvam para percebermos como o mal realmente desagrada a Deus e, na verdade todos nós, quando somos vítimas dele. Mas Deus, por ter um Amor infinito, alegra-se muitíssimo com o bem, mas sofre muitíssimo com o mal. Procuremos afastar-nos cada vez mais do mal, do pecado e procuremos também ajudar as pessoas que vivem ao nosso redor a se afastarem do mal, ajudando-os a verem a sua gravidade.

Dando continuidade à nossa série sobre “O valor das dificuldades”, na última vez vimos que as dificuldades não são más, mas são boas. Hoje veremos melhor como elas nos ajudam ao fim principal da nossa vida que é o crescimento nas virtudes para amarmos a Deus e ao próximo.

* * *

As dificuldades e a virtude

Começa, pois, a ficar claro que é mais do que duvidosa a definição que inicialmente talvez nos parecesse exata: “aquilo que surge como obstáculo para o nosso bem”. Acabamos de ver que nenhuma dificuldade pode tolher o bem da virtude.

Sendo assim, deveríamos perguntar-nos por que é que as dificuldades nos repugnam e nos incomodam. Talvez seja um tanto rude o que vamos comentar, mas parece exato: a dificuldade aborrece-nos não tanto porque obstaculiza o bem, mas exatamente pelo contrário, porque o exige; não por ser um empecilho para a virtude, mas por ser um entrave ao comodismo, à vida fácil.

Se abrirmos bem os olhos, descobriremos que cada uma das nossas dificuldades concretas está nos exigindo a prática de alguma virtude concreta.

Suponhamos, por exemplo, que estamos passando por uma situação de excesso de trabalho, que nos faz sentir angustiados. O tempo de que dispomos parece insuficiente para embutir nele tudo o que é preciso fazer. Essa circunstância, essa dificuldade, está provavelmente marcando o momento em que se nos pede que pratiquemos melhor do que nunca a virtude da ordem, que aprimoremos os ritmos de trabalho e a intensidade com que aproveitamos o tempo.

O problema pode ser uma dificuldade familiar. O filho, que até agora nunca tinha causado preocupação, torna-se problemático: não quer estudar, revolta-se contra as menores indicações dos pais, e há fortes suspeitas de que a turma com que anda está envolvida em drogas… Esse problema, essa dificuldade, pode ser o sinal forte de que é preciso que os pais se deem mais ao filho, amadurecendo nas virtudes que tornam eficaz a sua ajuda: mais compreensão, mais diálogo, dedicação de tempo mais sacrificada.

Numa palavra, as dificuldades são um apelo à virtude e, portanto, à autorrealização.

Lição: procuremos pensar e dar voltas nos próximos dias se o bem, a conquista das virtudes, o crescimento na capacidade de amar a Deus e ao próximo é o grande fim da minha vida. Enquanto não for este o nosso fim, as dificuldades da vida serão um martírio para nós.

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