DIFICULDADES: SEU VALOR (1)

EVANGELHO – Lc 17, 20-25

Naquele tempo: Os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente.
Nem se poderá dizer: “Está aqui” ou “Está ali”, porque o Reino de Deus está entre vós”.
E Jesus disse aos discípulos: “Dias virão em que desejareis ver um só dia do Filho do Homem e não podereis ver. As pessoas vos dirão: “Ele está ali” ou “Ele está aqui”. Não deveis ir, nem correr atrás. Pois, como o relâmpago brilha de um lado até ao outro do céu, assim também será o Filho do Homem, no seu dia. Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
o Evangelho de hoje começa dizendo que os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. São Cirilo, comentário esta passagem da Escritura, diz que como Nosso Senhor falava frequentemente do Reino de Deus, os fariseus escarneciam de Jesus e, por isso, fazem esta pergunta, “quando virá o reino de Deus?”, como se estivessem dizendo em tom irrisório: antes que venha o Reino de que você fala, você irá morrer na cruz. E, continua dizendo São Cirilo, “mas o Senhor, manifestando uma enorme paciência, em vez de retribuir insulto com insulto, responde àqueles que o tratavam tão mal dizendo que o Reino de Deus não virá de modo aparatoso”.

Jesus aproveita esta ocasião para desfazer a crença que tinham muitos judeus daquela época, de que o Reino de Deus seria estabelecido de forma grandiosa e com um poder visível, externo, político. Jesus então ensina que o seu Reino é eminentemente espiritual, ainda que também será visível e externo quando Ele vier pela segunda vez, na sua glória, no Fim dos Tempos.

O Reino de Deus é sobretudo o reinado de Cristo dentro dos nossos corações. À medida que vamos deixando Cristo reinar nos nossos corações, o seu reino irá se espalhando pelo mundo. Cristo reina nos nossos corações à medida que vamos procurando imitar o comportamento de Jesus em todas as nossas ações. Procuremos, então, dizer diariamente a Jesus ao acordarmos: “Senhor, me ajude que todo o meu comportamento hoje seja igual ao seu e que eu mude o que for necessário mudar para parecer-me contigo”.

* * *

Vamos dar início hoje a uma série que não terá dia da semana específico. Será uma série comentando um livro extraordinário do Padre Francisco Faus, aliás como todos, cujo título é “O valor das dificuldades”.

Este livro nos ajudará muito a entendermos e lidarmos com as dificuldades do dia-a-dia. O livro começa assim:

* * *

AS DIFICULDADES DA VIDA

– Não é fácil!
– Não é mesmo!
Quem pronunciou estas últimas palavras acabava de se aproximar de um grupo de amigos. Nada ouvira da conversa mantida entre eles, a não ser apenas a última frase: “Não é fácil!”… E, no entanto, mesmo sem saber de que estavam falando, sentiu-se impelido como que instintivamente a concordar. Seja qual for o assunto, não há dúvida de que, nesta vida, nada é fácil. Por isso, quem afirma que alguma coisa “é difícil”, ou que “não está fácil”…, presume-se que, independentemente da questão de que se trate, está com a razão.
“É difícil”. Eis uma frase que é como uma locomotiva, à qual se pode atrelar, sem inconveniente, qualquer vagão: é difícil… viver, trabalhar, ser honesto, ser casado, ser solteiro…
Nada há na vida, ou quase nada, que brote como a suave fonte do Parnasso. Custa conseguir as coisas, custa conservá-las, custa não perdê-las, custa não estragá-las… As dificuldades misturam-se com o chão de todos os caminhos. Se elas brilhassem na noite, a estrada da vida ficaria toda pontilhada de luzes, como a longa pista de um aeroporto.
Pois bem, uma vez que se trata de uma companheira inseparável, vale a pena que nos perguntemos: será que a dificuldade é uma circunstância puramente negativa? Não terá nenhum sentido positivo, nenhum valor?
Ao longo destas páginas, procuraremos alcançar um pouco de luz para essas interrogações. Mas, mesmo antes de entrarmos em maiores aprofundamentos, já podemos adiantar uma resposta geral às perguntas anteriores. Em si mesmas, as dificuldades não são nem boas nem más. O seu valor e sentido dependem da atitude que se adotar diante delas. Isto significa também – diga-se de passagem – que os homens podem conhecer muito acerca de si mesmos simplesmente dedicando-se a observar qual é a sua atitude perante as dificuldades. É um aspecto que mais adiante também haveremos de considerar.

OBSTÁCULOS PARA O NOSSO BEM?

É fácil verificar que a palavra dificuldade aparece quase sempre, nos nossos pensamentos ou nas nossas conversas, de braço dado com a queixa. Falamos das dificuldades reclamando ou lamentando-nos; e a aquiescência de quem nos escuta é uma solidariedade na lamentação; é a adesão incondicional de quem também tem motivos para reclamar, porque experimenta na sua própria carne que “a vida não é fácil”.
É evidente que, se nos queixamos, é porque vemos as dificuldades como um mal. São indesejadas e aparecem na nossa frente como pedras no meio do caminho, prontas para retardar ou complicar a consecução de algum bem que nós desejamos. Quase todos os bens que procuramos chocam-se com o empecilho das dificuldades: elas brotam, como plantas malignas, para atrapalhar o bom ambiente do lar (“agora que as coisas iam melhorando”), para entravar o bom andamento do trabalho (“isso veio justamente agora, para prejudicar a minha promoção”), para transtornar as boas expectativas de futuro…
Se quiséssemos expressar em poucas palavras o que de fato nós pensamos a respeito das dificuldades, provavelmente poderia servir-nos esta breve definição: “Dificuldade é aquilo que surge como obstáculo para o nosso bem”.
Caso concordemos com esta definição, vale a pena que prestemos um pouco de atenção às reflexões que se seguem, porque é possível que, depois de as ponderarmos, percebamos que a maioria das dificuldades nem surgem de repente – como uma nuvem de verão –, nem são um verdadeiro obstáculo, nem atrapalham o nosso verdadeiro bem.

Lição: fixemos estas duas frases ditas pelo Padre Francisco e pensemos nelas nos próximos dias: “Em si mesmas, as dificuldades não são nem boas nem más. O seu valor e sentido dependem da atitude que se adotar diante delas”. E esta outra: “as dificuldades não são um verdadeiro obstáculo, nem atrapalham o nosso verdadeiro bem”.

DIFICULDADES: SEU VALOR (1)

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