CÉU: COMO É (3)

EVANGELHO – Jo 12, 1-11

Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi para Betânia, onde morava Lázaro, que ele havia ressuscitado dos mortos. Ali ofereceram a Jesus um jantar; Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo. Então, falou Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de entregar: “Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de prata, para as dar aos pobres?” Judas falou assim, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão; ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela. Jesus, porém, disse: “Deixa-a; ela fez isto em vista do dia de minha sepultura. Pobres, sempre os tereis convosco, enquanto a mim, nem sempre me tereis”. Muitos judeus, tendo sabido que Jesus estava em Betânia, foram para lá, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus havia ressuscitado dos mortos. Então, os sumos sacerdotes decidiram matar também Lázaro, porque, por causa dele, muitos deixavam os judeus e acreditavam em Jesus.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
Como disse ontem, Jesus dormirá estes dias na casa dos irmãos Marta, Maria e Lázaro. E lá haverá este episódio narrado no Evangelho de hoje onde, estando num jantar, apareceu uma mulher chamada Maria e ungiu os pés de Jesus derramando meio litro de perfume de nardo puro e muito caro e enxugou os seus pés com os seus cabelos. Imaginem quanto custaria este meio litro de perfume muito caro. Saibamos imitar este gesto de Maria sendo generosos em dar nosso coração a Jesus.

Continuando nossa série sobre o Céu, começamos a relatar a sonho maravilhoso do Céu de Dom Bosco. Vejamos a sua continuação.

* * *

(…) Eu me perguntava a mim mesmo: “Estou dormindo ou estou acordado?” Batia as mãos uma na outra e me tocava no peito, para certificar-me de que era realidade o que via.

Chegada diante de mim toda aquela multidão, parou à distância de oito ou dez passos. Brilhou então um relâmpago de luz mais viva; cessou a música e fez-se um silêncio profundo. Todos os jovens estavam tomados pela maior alegria, que lhes transparecia no olhar, e em seus rostos se via a paz de uma felicidade perfeita. Olhavam-me com um suave sorriso nos lábios e parecia que desejavam falar, mas não falavam.

Adiantou-se Domingos Sávio só, alguns passos, e ficou tão próximo a mim que se eu tivesse estendido a mão certamente o teria tocado. Calava-se e me olhava sorrindo. (Que belo estava! Suas vestes eram realmente singulares. Caía-lhe até os pés uma túnica alvíssima, coberta de diamantes e toda bordada de ouro. Cingia-lhe a cintura uma ampla faixa vermelha recamada com tantas pedras preciosas que uma quase tocava a outra; e se entrelaçavam em desenho tão maravilhoso, apresentando tanta beleza de cores, que eu, ao vê-lo, me sentia fora de mim pela admiração. Pendia-lhe do pescoço um colar de flores raras, mas não naturais; parecia como se as pétalas fossem de diamantes unidos entre si sobre hastes de ouro; e assim era tudo o mais. Essas flores refulgiam com luz sobre-humana mais viva que a do sol, que naquele instante brilhava com todo o esplendor de uma manhã de primavera. Elas refletiam seus raios sobre o rosto cândido e corado de modo indescritível, dando-lhe uma luz de modo tão singular que nem se distinguiam bem suas várias espécies. A cabeça, tinha-a cingida com uma coroa de rosas; os cabelos caíam-lhe sobre os ombros em ondulantes cachos, dando-lhe um ar tão pulcro, tão afetuoso, tão encantador, que parecia… parecia… um Anjo!)

(…) Eu continuava a observar e pensava: Que significará isso? Como vim parar neste local?… E não sabia onde me encontrava. Fora de mim, temeroso pela reverência que tudo aquilo me inspirava, não me atrevia a dizer nada. Também os outros continuavam silenciosos. Por fim, Domingos Sávio abriu a boca.

– Por que estás aí mudo e como que aniquilado? Não és mais aquele homem que de nada tinhas medo, que enfrentavas intrépido as calúnias, as perseguições, os inimigos, as angústias e os perigos de toda espécie? Onde está tua coragem? Por que não falas?

A duras penas respondi, quase balbuciando:

– Não sei o que dizer… Mas, não és tu Domingos Sávio?
– Sim, sou; já não me reconheces?
– E como te encontras aqui? – acrescentei, sempre confuso.

Sávio então respondeu com afeto:
– Vim aqui para falar-te. Tantas vezes nos falamos na Terra! Não recordas quanto me amavas, quantas provas de amizade e quantas demonstrações de benevolência me deste? E eu por acaso não correspondi a teus desvelos? Como era grande minha confiança em ti! Por que, então, tremes? Coragem! pergunta-me alguma coisa.

Recobrando então ânimo, lhe disse:
– Tremo, porque não sei onde me encontro.
– Estás no local da felicidade – respondeu Sávio – onde se gozam todas as alegrias, todas as delícias.
– É este, pois, o prêmio dos justos?
– Não, por certo. Aqui não se gozam os bens eternos, mas só, ainda que em medida grande, os temporais.
(Enganei todos vocês! Vocês pensavam que Dom Bosco estava descrevendo como é o Céu. Pois é, quando li pela primeira vez, também fui enganado. Vamos continuar e vocês vão entender porque não pode haver nenhuma descrição do Céu).

– Mas então são naturais todas essas coisas?
– Sim, se bem que embelezadas pelo poder de Deus.
– E a mim, que me parecia que isto era o Paraíso! – exclamei.
– Não, não, não! – respondeu Sávio. (Frisemos o que vai dizer agora São Domingo Sávio) Nenhum olho mortal pode ver as belezas eternas.
– E essas músicas – prossegui perguntando – são as harmonias de que gozais no Paraíso?
– Não, não, já te disse que não!
– São sons naturais?
– Sim, são sons naturais, aperfeiçoados pela onipotência de Deus.
– E esta luz que sobrepuja a luz do sol, é luz divina? É a luz do Paraíso?
– É luz natural, embora avivada e aperfeiçoada pela onipotência divina.
– E não se poderia ver um pouco de luz divina?
– (Frisemos novamente o que vai dizer São Domingo Sávio) Ninguém pode vê-la enquanto não chegue a ver a Deus como Ele é. O menor raio dessa luz tira na no mesmo instante a vida de um homem, porque não é suportável pelas forças humanas.
– E poderia haver uma luz natural ainda mais bela do que esta?
– Se soubesses! Se visses somente um raio de luz natural elevada a um grau superior a este, ficarias fora de ti.
– E não se pode ver ao menos um raio dessa luz de que falas?
– Sim, podes vê-lo; terás a prova do que te digo; abre os olhos.

Já os tenho abertos – respondi.
– Olha bem no fundo desse mar de cristal.

Levantei a vista, e apareceu de repente no céu, a uma distância imensa, uma instantânea centelha de luz, sutilíssima como um fio, mas tão brilhante, tão penetrante, que meus olhos não puderam resistir. Fechei-os e lancei um grito tão forte que despertou o Padre Lemoyne (aqui presente), que dormia num quarto próximo. Assustado, ele me perguntou na manhã seguinte o que me acontecera de noite, para estar assim tão agitado. Aquele fiozinho de luz era cem milhões de vezes mais claro que o sol, e seu fulgor bastaria para iluminar todo o universo criado.

Após alguns instantes, consegui abrir os olhos e perguntei a Domingos Sávio:

– E isso que vi, será talvez um raio divino?

Sávio respondeu:

– Não é luz divina, se bem que, comparada com a terrestre, seja tão superior em brilho. Não é senão luz natural, assim avivada pelo poder de Deus. E ainda que imaginasses uma imensa zona de luz semelhante à centelhazinha que viste lá no fundo rodeando todo o mundo, nem por isso formarias para ti uma ideia dos esplendores do Paraíso.
– E vós, de que gozais, pois, no Paraíso?
– Ah! É impossível dizer-te. O que se goza no Paraíso nenhum homem mortal pode sabê-lo enquanto não deixar esta vida e se reunir a seu Criador. Basta dizer que se goza do próprio Deus.

Lição: por que, então, não pode haver nenhuma descrição do Céu? Porque não há nenhum termo de comparação do Céu aqui na terra. Tudo o que descrevermos do Céu será ridículo com o que é o Céu realmente. O Céu é tão maravilhoso, tão extraordinário que não é suportável à natureza humana. Deus precisará, depois da nossa morte, dar-nos uma graça especial para podermos resistir a tamanha beleza, a tamanha felicidade, a tamanho amor. E será para sempre, para sempre, para sempre.

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