EVANGELHO – Jo 10, 31-42
Naquele tempo: Os judeus pegaram pedras para apedrejar Jesus.
E ele lhes disse: “Por ordem do Pai, mostrei-vos muitas obras boas. Por qual delas me quereis apedrejar?” Os judeus responderam: “Não queremos te apedrejar por causa das obras boas, mas por causa de blasfêmia, porque sendo apenas um homem, tu te fazes Deus”! Jesus disse: “Acaso não está escrito na vossa Lei: “Eu disse: vós sois deuses”?
Ora, ninguém pode anular a Escritura: se a Lei chama deuses as pessoas às quais se dirigiu a palavra de Deus, por que então me acusais de blasfêmia, quando eu digo que sou Filho de Deus, eu a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo? Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim. Mas, se eu as faço, mesmo que não queirais acreditar em mim, acreditai nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai”. Outra vez procuravam prender Jesus, mas ele escapou das mãos deles.
Jesus passou para o outro lado do Jordão, e foi para o lugar onde, antes, João tinha batizado. E permaneceu ali. Muitos foram ter com ele, e diziam: “João não realizou nenhum sinal, mas tudo o que ele disse a respeito deste homem, é verdade”.
E muitos, ali, acreditaram nele.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: o testemunho de Jesus de que é o próprio Deus é tão claro que os judeus decidem apedrejá-lo e depois matá-lo por blasfêmia porque, transcrevendo suas próprias palavras, “sendo apenas um homem, tu te fazes Deus”. Jesus está dizendo com toda clareza que é o próprio Deus, mas os doutores da Lei e os fariseus, por orgulho, não querem acreditar e o acusam de blasfêmia. Sabendo que o iriam matá-lo, se Jesus não fosse Deus, poderia dizer que não o era e assim escaparia da morte. No entanto, não pode faltar à verdade e isso o leva a morrer na cruz.
Continuando a nossa série maravilhosa sobre o Céu, ficamos de começar o relato de Dom Bosco sobre o Céu. Este sonho ocorreu no dia 6 de dezembro de 1876. Vamos ter que dividir em partes. Aconselho que prestem bem a atenção.
Assim o descreve um membro da sua congregação:
A noite do dia 6 de dezembro de 1876 ficou memorável no Oratório. Foi um pouco antecipada a hora da oração. Reuniram-se no locutório os estudantes, os artesãos e todas as pessoas da casa. Dom Bosco tinha prometido falar no domingo anterior, mas não pudera fazê-lo. Imaginem a expectativa geral! Subiu à cátedra, saudado por palmas entusiásticas, como acontecia sempre que dava daquele modo o “boa noite” à comunidade inteira. Fez sinal de que ia falar e imediatamente fez-se completo silêncio.
* * *
Na noite em que estive em Lanzo, chegada a hora de repousar, aconteceu-me que tive o seguinte sonho. É um sonho que não tem nenhuma relação com outros sonhos…
(…) Deveis saber que ordinariamente os sonhos se têm dormindo. Ora, na noite do dia 6 de dezembro, enquanto eu estava no meu quarto, não recordo bem se lendo, ou se dando voltas pelo aposento, ou se me havia já deitado, comecei a sonhar.
Logo me pareceu estar sobre uma elevação de terreno, ou colina, à beira de uma imensa planície cujos confins a vista não alcançava, pois se perdiam na imensidão; era toda azulada como o mar calmo, embora o que eu visse não fosse água; parecia um cristal límpido e luminoso. Sob meus pés, por trás de mim e dos lados via uma região à maneira de um litoral à margem do oceano.
Largos e gigantescos caminhos dividiam aquela planície em vastíssimos jardins de indescritível beleza, todos repartidos em bosquezinhos, prados e canteiros de flores, de formas e cores variadas. Nenhuma das nossas plantas pode nos dar ideia daquelas, embora tenham com elas alguma semelhança. As ervas, as flores, as árvores, as frutas, eram vistosíssimas e de belíssimo aspecto. As folhas eram de ouro; os troncos e ramos, de diamante, correspondendo todo o resto a essa riqueza. Seria impossível contar as diferentes espécies; e cada espécie e cada indivíduo resplandecia com uma luz própria.
No meio daqueles jardins e em toda a extensão da planície eu contemplava incontáveis edifícios de ordem, beleza, harmonia, magnificência e proporções tão extraordinárias, que para a construção de um só deles me parecia que não seriam suficientes todos os tesouros da terra.
(…) Enquanto contemplava extasiado tão estupendas maravilhas que adornavam aqueles jardins, eis que chega a meus ouvidos uma música dulcíssima, de tão agradável e suave harmonia que nem posso dela dar-vos adequada ideia. (…) Eram cem mil instrumentos, produzindo cada qual um som diverso do outro, enquanto todos os sons possíveis difundiam pelos ares suas ondas sonoras. A estes, somavam-se os coros de cantores.
Vi então uma multidão de pessoas que se encontrava naqueles jardins e se regozijava alegre e contente. Uns tocavam, outros cantavam. Cada voz, cada nota, produzia efeito de mil instrumentos reunidos, todos diferentes uns dos outros. Ao mesmo tempo ouviam-se os diversos graus da escala harmônica, desde os mais baixos até os mais agudos que se possam imaginar, mas todos em perfeita harmonia. Ah! para descrever-vos tal harmonia não bastam comparações humanas.
Via-se, pelo rosto dos felizes habitantes do jardim, que os cantores não só experimentavam extraordinário prazer em cantar, mas ao mesmo tempo sentiam imenso gozo em ouvir cantar os demais. Quanto mais um cantava, mais se lhe acendia o desejo de cantar, e quanto mais ouvia, mais desejava ouvir.
(…) Enquanto ouvia atônito essa celestial harmonia, vi aparecer uma imensa multidão de jovens, muitos dos quais eu conhecia, pois tinham estado no Oratório e nos outros nossos colégios; mas me era desconhecida a maior parte. A multidão interminável se dirigia a mim. À sua frente vinha Domingos Sávio.
Lição: aproveitemos o dia de hoje para ir imaginando como será o Céu e que maravilhoso será estar lá para sempre, para sempre, para sempre.