EVANGELHO – Jo 13, 31-33a.34-35
Depois que Judas saiu do cenáculo, disse Jesus: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo. Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: Continuamos com as palavras de Jesus na Última Ceia. Podemos nos ater hoje nestas palavras que já seriam suficientes para escrevermos livros e mais livros: Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros.
Eu me lembro de ter lido uma homilia de São Josemaria onde ele vai se perguntando o que tem de novo este mandamento, pois a caridade, o amor são o primeiro e o segundo mandamentos desde sempre, pois Deus os inscreveu dentro dos nossos corações, e de modo mais claro com Moisés, quando Deus lhe deu as tábuas da Lei.
São Josemaria vai fazendo uma série de considerações, até que identifica que o que há de novo neste mandamento: é a nova medida do amor: “como eu vos amei”.
Vejamos as suas palavras:
Senhor! Permite-nos insistir: por que continuas chamando novo a este preceito? Naquela noite, poucas horas antes de te imolares na Cruz, durante essa conversa cheia de intimidade com os que – apesar das suas fraquezas e misérias pessoais, como as nossas – te haviam acompanhado até Jerusalém, Tu nos revelaste a medida insuspeitada da caridade: “como eu vos amei”. Como não haviam de entender-te os Apóstolos, se tinham sido testemunhas do teu amor insondável!
Jesus Cristo, Nosso Senhor, encarnou-se e assumiu a nossa natureza para se mostrar à humanidade como modelo de todas as virtudes. Aprendei de mim – convida-nos Ele -, que sou manso e humilde de coração. Mais tarde, porém, quando explicar aos Apóstolos o sinal pelo qual serão reconhecidos como cristãos, não lhes dirá: porque sois humildes. Ele é a pureza mais sublime, o Cordeiro imaculado; nada podia macular a sua santidade perfeita, sem mancha. Mas também não afirma: perceberão que estão diante dos meus discípulos porque sois castos e limpos. Passou por este mundo no mais completo desprendimento dos bens da terra; sendo o Criador e Senhor de todo o Universo, faltava-lhe até um lugar onde reclinar a cabeça. No entanto, não comenta: saberão que sois dos meus porque não vos apegastes às riquezas. Permanece durante quarenta dias, com suas noites, no deserto, em jejum rigoroso, antes de se dedicar à pregação do Evangelho. E, do mesmo modo, não assevera aos seus: compreenderão que servis a Deus porque não sois comilões nem bebedores.
A característica que distinguirá os apóstolos, os cristãos autênticos de todos os tempos, já a ouvimos: Nisto – precisamente nisto – conhecerão todos que sois meus discípulos, em que tendes amor uns aos outros.
De fato, os primeiros cristãos serão conhecidos justamente nisto. Dirão deles: “vede como se amam”. O amor foi o grande distintivo daqueles primeiros seguidores de Cristo, justamente porque começaram a colocar em prática a medida do amor como Jesus nos ensinou: “como eu vos amei”.
Na prática, como podemos fazer para ter esta medida no amor? Eu diria para pensar sempre assim no relacionamento com as pessoas: “Como Jesus faria se estivesse no meu lugar”?
– como Jesus trataria a minha esposa (o meu marido)?
– como Jesus trataria os meus irmãos?
– como Jesus trataria os meus colegas de trabalho?
– como Jesus trataria os moradores de rua?
Como vimos, Jesus é o Bom Pastor e nós somos as suas ovelhas. Se queremos seguir Cristo, temos que imitá-lo em tudo e, em primeiríssimo lugar na virtude por excelência que Cristo nos ensinou: a caridade, mas uma caridade elevada ao seu nível.
Lição: Elevar o nível da nossa caridade. Não nos justificar dizendo: eu sou assim mesmo, eu sou grosso, eu sou impaciente, eu sou estourado, eu xingo, eu desprezo, eu julgo e condeno as pessoas etc. Desde o dia da Última Ceia, já não podemos mais justificar nenhuma atitude que não seja condizente com Jesus Cristo.