EVANGELHO – Lc 13, 18-21
Naquele tempo: Jesus dizia: “A que é semelhante o Reino de Deus, e com que poderei compará-lo? Ele é como a semente de mostarda, que um homem pega e atira no seu jardim. A semente cresce, torna-se uma grande árvore, e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos”. Jesus disse ainda: “Com que poderei ainda comparar o Reino de Deus? Ele é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: Jesus no Evangelho de hoje compara o Reino de Deus a uma semente de mostarda e ao fermento. O Reino de Deus, no contexto que Jesus está falando, é a vida espiritual dentro de nós. Jesus diz, então, que esta vida espiritual vai crescendo pouco a pouco na alma e está chamada a se tornar uma árvore frondosa ou uma massa toda fermentada. Para que isto aconteça, precisamos corresponder às graças que Deus vai nos dando continuamente. Façamos o propósito de estarmos abertos, de dizermos sim, generosamente, às inspirações do Espírito Santo que recebemos ao longo do dia.
Vamos dar continuidade à nossa série sobre a caridade. Na semana passada vimos a virtude do acolhimento. Hoje vamos falar sobre a virtude da admiração. Preparando esta homilia percebi que tenho que dedicar várias homilias falando desta virtude. Por isso, será uma pequena série.
Quem ama o próximo, vê nele o reflexo de Deus e o admira. Assim, uma manifestação da caridade é a admiração.
Como é gostoso admirar as pessoas e, também, ser admirado por elas, conscientes de que nossas qualidades foram dadas por Deus.
A admiração é manifestação do amor e alimenta o amor. O amor começa a ir à falência quando deixamos de admirar alguém ou deixamos de ser admirados.
Eu me lembro de uma ocasião quando assistia a uma meditação pregada por um sacerdote falando sobre a caridade onde ele dizia que não podemos perder a admiração pelas pessoas. Aquilo me fez pensar muito, pois a nossa reação natural ao ver os defeitos nas pessoas é de perder a admiração por elas. Sim, de fato, é uma reação natural. É uma reação natural ao ver que o marido foi se estacionando na vida profissional, vive desempregado e passa horas jogando vídeo game no celular, que a esposa vá perdendo a admiração pelo marido até que ela desapareça completamente. É uma reação natural ao ver que a esposa vive reclamando de tudo, criticando tudo, não um dia, nem uma semana, mas anos e anos até que o marido já não veja um encanto nela e a admiração vá para a lona. Quantas vezes já ouvi de algumas moças: “padre, eu já não tenho nenhuma admiração pelo meu marido”. Da mesma forma, também já ouvi de alguns rapazes: “padre, já não tenho nenhuma admiração pela minha esposa”.
Amar é admirar, mas como admirar, não perder a admiração pelo próximo diante dos seus defeitos? Não há dúvida que é um grande desafio.
Podemos fazer uma pergunta interessante: Deus perde a admiração por nós ao ver os nossos defeitos, os nossos pecados? Eu diria que não. Eu diria que seu amor por nós é tão grande, que passa por cima dos nossos defeitos e pecados. Isso não significa que Deus se torne cego. Ele vê tudo e, inclusive, com mais profundidade do que nós. Com uma profundidade infinita. E também sabe de toda gravidade de um pecado. Porém, seu amor vê não o que nós somos, mas o que nós podemos ser. Para Deus também, nós nunca deixamos de ser especiais para Ele. O que Deus dirá de um filho que se perdeu, como as mães costumam dizer: “ele é maravilhoso; pena que se perdeu”.
De fato, uma mãe sempre aposta no seu filho e os seus defeitos e más ações são realidades, mas, movida pelo seu amor, vê que nem de longe lhe definem. Seu filho é muito mais do que isto.
Lição: quanto maior é o amor, menos prejudicada será a admiração que teremos pelo próximo, apesar da miséria do ser humano. Se queremos que os outros não percam a admiração por nós, procuremos ir na frente, crescendo no amor pelo próximo tendo como modelo aqui na terra o amor da mãe pelos filhos e o amor de Deus-Pai por cada um de nós.