ABRIR-NOS A DEUS: DEIXAR DEUS PENETRAR EM TODOS OS MINUTOS DA NOSSA VIDA

EVANGELHO – Mt 14, 13-21 (No Ano A pode ler-se: Mt. 14, 22-36)

Naquele tempo: Quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu e foi de barco para um lugar deserto e afastado. Mas quando as multidões souberam disso, saíram das cidades e o seguiram a pé. Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram: “Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!”
Jesus porém lhes disse: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!”
Os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”.
Jesus disse: “Trazei-os aqui”. Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama. Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a benção. Em seguida partiu os pães, e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões. Todos comeram e ficaram satisfeitos, e dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios. E os que haviam comido eram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
O Evangelho de São Mateus conta que, quando Jesus soube que tinham prendido João Batista, Ele “partiu e foi de barco para um lugar deserto e afastado” (v. 13). Jesus procura um momento de solidão para a sua oração, como em outras ocasiões. Mas as multidões das redondezas queriam tanto ouvir a sua palavra e se beneficiar das curas que não o deixaram descansar. Jesus não se incomoda com a sua impertinência. Pelo contrário, se comove pela fé simples dessas pessoas e passa o dia inteiro com elas. Quando o dia declina, ele não quer deixá-los ir embora sem antes lhes oferecer algo para comer, porque estavam longe de casa e fazia muitas horas que não comiam.

Em primeiro lugar, a sua paciência e compaixão são impressionantes. “Diante da multidão que o segue e – por assim dizer – ‘não o deixa em paz’, comentava o Papa Francisco, Jesus não reage com irritação. Não diz: ‘Estas pessoas me incomodam!’ Não, não. Reage com um sentimento de compaixão, porque sabe que não o procuram movidos pela curiosidade, mas pela necessidade. Mas prestemos atenção: compaixão — aquilo que Jesus sente — não é simplesmente sentir piedade; é algo mais! Significa com-padecer-se, ou seja, identificar-se com o sofrimento alheio, a ponto de carregá-lo sobre si. Assim é Jesus: sofre juntamente com cada um de nós, padece por nós”[1].

Os discípulos também percebem que ficou tarde e que estas pessoas precisam comer, mas não assumem as necessidades dessas pessoas e pedem a Jesus que despeça a multidão “para que possam ir aos povoados comprar comida!” (v. 15). Jesus, porém, não finge que não está vendo, nem os abandona à sua sorte, mas pede aos seus que ofereçam tudo o que têm, mesmo que seja muito pouco.

Vale a pena notar, como faz São Josemaria, que Jesus poderia tirar o pão de onde quisesse …, mas procura a cooperação humana: “precisa de um menino, de um rapaz, de uns pedaços de pão e de uns peixes. Nós lhe fazemos falta, tu e eu, meu filho: e é Deus!

Deus quer contar conosco, com nossos poucos talentos, os 5 pães e dois peixes, para fazer grandes milagres. Deus quer fazer grandes coisas através de nós. Mas para que isto ocorra, precisamos abrir-nos à sua voz como os discípulos fizeram quando Jesus lhes disse para procurar alimento entre aquela multidão.

E para ouvir a sua voz, precisamos estar abertos às suas inspirações ao longo do dia, no meio da rua, no meio do trabalho, quando estamos em casa etc. E, para isso, precisamos viver para Deus, viver para servi-lo, viver para ser um instrumento nas mãos de Deus.

É assim que eu vivo? Ou eu vivo uma vida paralela com a de Deus? Muitas pessoas vivem distantes de Deus durante o dia e só na hora que param para rezar, se unem a Ele. Procuremos trazer Deus para cada minuto do nosso dia. Deixemos Deus entrar totalmente na nossa vida para transformá-la, para divinizá-la, para fazer grandes milagres através de nós. Não é maravilhoso isso?

Mas há um inimigo desse trazer Deus para cada minuto do nosso dia: o egoísmo. Viver a “minha vida”, buscar “os meus sonhos”, os “meus projetos”. Rompamos a casca deste egoísmo que não leva a grandes coisas, leva apenas a uma vida meramente humana, que cai no esquecimento poucos dias depois da nossa morte, para deixar Deus penetrar em cada instante da nossa existência para que Ele possa levar-nos até às alturas. Vale a pena!

ABRIR-NOS A DEUS: DEIXAR DEUS PENETRAR EM TODOS OS MINUTOS DA NOSSA VIDA

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