EVANGELHO – Mc 16, 15-20
Naquele tempo, Jesus se manifestou aos onze discípulos, e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”. Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que acompanhavam.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: Hoje a Igreja celebra a festa de São Marcos, um dos quatro evangelistas. O Evangelho de Marcos foi o primeiro a ser escrito, por volta do ano 50. Num estilo simples e muito próximo, narra a vida do Senhor.
Marcos, ainda que de nome romano, era judeu de nascimento e conhecido também pelo nome de João, sendo, então, seu nome, João Marcos. É muito provável que tenha conhecido o Senhor, ainda que não tenha sido um dos doze apóstolos. Muitos autores eclesiásticos veem no episódio do rapaz que largou o lençol e fugiu na hora da prisão de Jesus no Horto das Oliveiras (Mc 14, 51-52), uma espécie de assinatura velada do próprio São Marcos no seu Evangelho, pois somente ele o relata. Este dado é corroborado pelo fato de que São Marcos era filho de Maria, segundo parece uma viúva de posição econômica desafogada, em cuja casa se reuniam os primeiros cristãos de Jerusalém. Uma antiga tradição afirma que foi nessa casa que Jesus celebrou a Última Ceia e instituiu a Sagrada Eucaristia.
Desde muito novo, São Marcos foi um daqueles primeiros cristãos de Jerusalém que viveram ao lado de Nossa Senhora e dos apóstolos. Era, além disso, primo de São Barnabé, uma das grandes figuras daquela primeira hora, que o iniciou na tarefa de propagar o Evangelho. Acompanhou São Paulo e São Barnabé na primeira viagem apostólica, ainda que, ao chegarem a Chipre, talvez por não se sentir com forças para seguir adiante, os tivesse abandonado e regressado a Jerusalém.
Dez anos mais tarde, foi a Roma, desta vez para ajudar São Pedro, chamando-o de meu filho, dando a entender que era antiga e íntima a relação que os unia.
O Evangelho que escreverá terá São Pedro como fonte principal. Pelos seus relatos, podemos contemplar os gestos admiráveis do Senhor, a espontaneidade do relacionamento de Jesus com os apóstolos. Com esses relatos tão vivos, São Marcos consegue deixar na nossa alma o atrativo da figura de Jesus Cristo e a razão está, diz um autor espiritual, em que São Marcos nos transmite as palavras de São Pedro carregadas de emoção que não recrudeceu com os anos.
São Marcos permaneceu vários anos em Roma. Segundo uma antiga tradição referida por São Jerônimo, São Marcos – depois do martírio de São Pedro e de São Paulo, sob o imperador Nero – dirigiu-se para Alexandria, cuja Igreja o reconhece como seu evangelizador e primeiro bispo. De Alexandria, no ano de 825, as suas relíquias foram trasladadas para Veneza, onde é venerado como Padroeiro.
A festa deste Evangelista que hoje celebramos é uma boa ocasião para examinarmos com que assiduidade, atenção e amor temos lido ou ouvido diariamente os Evangelhos, que é a Palavra de Deus dirigida expressamente a cada um de nós. E que esta festa sirva também para examinarmos aquilo que tenho dito diariamente na oração inicial da homilia: “Querido Jesus, lerei agora as páginas da tua vida. Que elas me levem a te amar cada vez mais e que tuas palavras firam o meu coração e me levem a mudar de vida”. Que realmente a Palavra de Deus fira o nosso coração, provoque um abalo em nosso coração e nos leve a mudar de vida. É isto que Deus quer, que sua Palavra nos transforme, nos leve a sermos cada dia mais parecidos com Cristo.