EVANGELHO – Mt 9, 14-15
Naquele tempo: Os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?”
Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão.
– Palavra da Salvação.
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: Este Evangelho tão curto nos traz uma questão interessante. Os discípulos de São João Batista se aproximaram de Jesus e lhes perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?”
Diante desta pergunta, Jesus dará uma resposta que nos faz pensar: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”. O que Jesus quer dizer com estas palavras? Que aqueles dias dos discípulos de Jesus junto com Ele, que seriam ao cabo três anos, seriam dias de festa e nestes dias devemos festejar e não nos preocupar-nos tanto em fazer penitência. Ou seja, Cristo não quer que sejamos bitolados na penitência. Santa Teresa de Ávila a este respeito dizia umas palavras muito simpáticas. Ela adorava comer perdiz. Então ela dizia assim: “mortificação, mortificação, perdiz, perdiz”. Ou seja, é como se dissesse: sim, devo mortificar-me, mas quando tem perdiz, dá licença, pois vou comer perdiz. Lógico, de uma maneira moderada e não gulosa.
Vamos imaginar que fizemos a penitência nestes dias da Quaresma de não comer doce. Muito bem, é uma ótima penitência. Agora imaginem que no meio da Quaresma há o teu aniversário. E aí, como você escolheu a penitência de não comer doce, você não vai comer nada de doce neste dia, nem sequer o bolo do teu aniversário. Não é preciso ser tão bitolado assim. Não há nenhum problema em comer doce neste dia. Não é nenhum pecado comer doce e não é nenhum pecado “quebrar a Quaresma” como as pessoas dizem por aí.
Qual é o objetivo da penitência? São muitos os seus objetivos como vimos ontem. Mas o mais importante é que ela nos aproxime de Deus. E a proximidade com Deus é uma questão sobretudo do coração e não de uma prática externa. Não há dúvida que a prática externa ajuda na conversão do coração. Mas a conversão do coração pode ser obtida de muitas formas. O mais importante é o arrependimento interior dos nossos pecados e o propósito de nunca mais cometê-los.
Saibamos fazer as penitências da Quaresma com espírito de liberdade, como filhos que querem amar cada vez mais a Deus e que se alegram também, junto com Deus, quando é um dia de festa.
