PLANO DA SANTIDADE (14): PENITÊNCIA (1)

EVANGELHO – Mt 9, 1-8

Naquele tempo: Entrando em um barco, Jesus atravessou para a outra margem do lago e foi para a sua cidade. Apresentaram-lhe, então, um paralítico deitado numa cama. Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Coragem, filho, os teus pecados estão perdoados!” Então alguns mestres da Lei pensaram: “Esse homem está blasfemando!” Mas Jesus, conhecendo os pensamentos deles, disse: “Por que tendes esses maus pensamentos em vossos corações? O que é mais fácil, dizer: “Os teus pecados estão perdoados”, ou dizer: “Levanta-te e anda”? Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados, – disse, então, ao paralítico – “Levanta-te, pega a tua cama e vai para a tua casa”. O paralítico então se levantou, e foi para a sua casa. Vendo isso, a multidão ficou com medo e glorificou a Deus, por ter dado tal poder aos homens.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
São Mateus no Evangelho de hoje nos fala do famoso episódio do paralítico que chegou até Jesus numa maca levado por seus amigos. São Mateus é mais sucinto do que outros evangelistas e não diz que este homem foi descido pelo teto de uma casa para que chegasse até Jesus. Jesus estava pregando dentro de uma casa e havia muita gente ouvindo a sua pregação. Os amigos do paralítico vendo que não conseguiriam abrir espaço no meio da multidão, decidiram descê-lo pelo teto da casa. Imaginem a situação. E o mais interessante é que quando este homem chegou ao chão, Jesus ao invés de curá-lo da sua paralisia física, curou-o da sua paralisia espiritual, isto é, do pecado. “Coragem, filho – disse Jesus – os teus pecados estão perdoados”. Os fariseus e doutores da Lei ficaram indignados, pois só Deus podia perdoar os pecados e eles, por orgulho, estavam fechados a acreditar nesta verdade. Saibamos ser humildes e render-nos à divindade de Jesus tão testemunhada por Ele.

Dando continuidade à nossa série sobre o Plano da Santidade, na última quinta-feira falamos sobre a última prática de piedade recomendada por São Josemaria para fazermos diariamente a fim de crescermos na santidade no dia-a-dia.

Quando começamos a falar sobre o Plano da Santidade, mencionamos seis pilares necessários para construir o edifício da nossa santificação: a oração, a penitência, a conquista das virtudes, a santificação do trabalho, a caridade e a preocupação de levar a todos para o Céu. Até agora estávamos vendo o primeiro pilar que é a oração. Hoje e na próxima quarta vamos ver o segundo pilar que é a penitência.

Se formos estudar a vida dos santos, veremos que nenhum deles se tornou santo sem ter uma vida de penitência. Por que a penitência é importante para a santidade?

Porque, como dizia São Paulo, temos duas forças opostas dentro de nós em contínua luta: o «homem velho» e o «homem novo» (cf. Ef 4,22-24). O homem velho tem um nome: chama-se egoísmo. Ele é fruto do pecado original e dos nossos pecados pessoais. O homem novo também tem um nome: chama-se amor. Ele é fruto da presença do Espírito Santo na nossa alma e da nossa correspondência.

Os dois “homens” são briguentos e puxam da mesma corda, cada num extremo, em sentido contrário. Se o “velho” levar a melhor, arrasta-nos para longe de Cristo. Mas toda vez que o “novo” vence — mortificando o egoísmo com a força do amor —, aproxima-nos de Deus, da amizade com Cristo, da união com Ele.

Por isso, entende-se bem que Jesus diga: Se alguém quiser vir comigo, negue-se a si mesmo [negue o “eu” egoísta], tome a sua cruz e siga-me (Mt 16,24).

A penitência ou mortificação, que são sinônimos, é a negação dos puxões do “eu egoísta”: é um sacrifício que consiste em dizer não aos maus desejos e inclinações, para poder dizer sim ao que o amor pede. Por isso, a mortificação bem entendida deveria chamar-se, melhor, “vivificação”, pois ela é fonte de vida e não de morte.

São Josemaria que é o santo do cotidiano, dizia que a melhor penitência ou mortificação é aquela que nos leva a cumprir bem os nossos deveres de cada dia. Mais do que fazer coisas esdrúxulas, como colocar uma pedrinha no sapato, ou fazer grandes penitências, como não comer nada num dia, dizia que o que mais agrada a Deus é que cumpramos bem os nossos deveres e aí já vamos encontrar um campo enorme de mortificações. Se estamos no meio do mundo, temos que cumprir nossos deveres. Não há escapatória. Então não só cumpri-los, como cumpri-los com perfeição, eis aí bons sacrifícios que vão agradar muito a Deus e vão fazer muito bem para os outros e para nós. De que adianta fazer uma super penitência, passar uma noite sem dormir, se depois nós não cumprimos bem nossos deveres de cada dia?

Na próxima semana vamos citar alguns exemplos de mortificações para vivermos no dia-a-dia.

Lição: sem a mortificação, sem a penitência, nos tornamos vítimas das nossas paixões desregradas. Todos os santos são unânimes em dizer que as mortificações nos levam a mergulhar profundamente em Deus. Pensemos nisso!

PLANO DA SANTIDADE (14): PENITÊNCIA (1)

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