EVANGELHO – Jo 16, 29-33
Naquele tempo: Os discípulos disseram a Jesus: “Eis, agora falas claramente e não usas mais figuras. Agora sabemos que conheces tudo e que não precisas que alguém te interrogue. Por isto cremos que vieste da parte de Deus. Jesus respondeu: “Credes agora? Eis que vem a hora – e já chegou – em que vos dispersareis, cada um para seu lado, e me deixareis só. Mas eu não estou só; o Pai está comigo. Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em mim. No mundo, tereis tribulações. Mas, tende coragem! Eu venci o mundo”!
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: No final do Evangelho de hoje, Jesus nos diz que teremos tribulações. Deus é um Pai e não quer poupar-nos das dificuldades, pois são elas que nos fazem crescer. Mas Jesus diz: coragem, eu venci o mundo! Jesus, então, nos anima a sermos corajosos, a não sucumbirmos perante os problemas e dificuldades da vida. São Paulo nos diz: se Cristo venceu, nós também, com Ele, venceremos. Como tenho enfrentado as dificuldades da vida? Com coragem, com paciência ou com medo ou desânimo? Unamo-nos a Jesus e caminhemos com passos firmes com a certeza da vitória.
Dando continuidade à nossa série sobre Jesus, tenho falado que a religião se resume em corresponder ao amor de Deus, ao amor de Jesus Cristo. E dizia que é um desafio amar a Deus, pois não o vemos. Então dizia que é fundamental ter uma fé verdadeira e sólida na existência de Deus e que Deus é uma pessoa e realmente está junto de nós em todo momento e, de modo especial, no Sacrário das igrejas, na hóstia consagrada. E dizia que ajudar os filhos a terem esta fé, e nós também, é verdadeiro desafio ao vivermos numa sociedade materialista que acredita só no que toca e vê.
Quero, então, ajudá-los nas próximas homilias a avivar esta fé.
Em primeiro lugar, é importante falar o que é a fé. Muitos confundem o seu significado. Muitos pensam que a fé é um sentimento. “Eu sinto fé”, “Eu estou sentindo que a minha fé está um pouco fraca nos últimos tempos”. São frases que as pessoas costumam dizer.
Porém a fé não é sentir, apesar de que podemos senti-la também. A melhor definição de fé, na minha opinião, é a de São Tomás de Aquino. Ele define a fé dizendo que é “crer em algo expresso por alguém”.
A fé, então, é crer, acreditar, em algo que foi dito por alguém. Ou seja: eu aceito como verdade algo por que alguém disse, pelo simples fato de ter dito aquilo e não por que eu vi, toquei, demonstrei. Pela razão vemos, tocamos e demonstramos uma verdade. Pela fé acreditamos numa verdade. Numa verdade dita por alguém.
Por exemplo: se eu digo para vocês que eu tenho um terço no bolso, vocês acreditam? Vocês não estão vendo o terço. Mas vocês acreditam? Se eu digo para vocês que amanhã eu tenho uma consulta com o médico às 9h, vocês acreditam? A razão não pode dizer nada a respeito disso, pois é uma ação futura. Vocês não podem agora ver esta ação, nem tocá-la, nem demonstrá-la.
Se vocês acreditam, é porque vocês dão crédito nas minhas palavras. E vocês dão crédito nas minhas palavras porque vocês me conhecem, vocês veem que não estou sob o efeito de drogas, que não estou bêbado, que falei algo razoável etc. Nós dizemos que quanto maior é a autoridade de quem afirma uma verdade, mais certeza nós temos do que afirma.
Se formos pensar agora em Deus, qual é sua autoridade? É máxima, infinita. Ou seja, o que Deus diz tem uma força de verdade tão grande que é mais verdadeiro o que Deus diz do que o que nossa razão afirma ao vermos, tocarmos ou demonstrarmos uma verdade. Então, ter fé, é dar crédito total, absoluto, às palavras de Deus.
Por exemplo, se Deus diz “Não temais”, é para não temer mesmo, mesmo, mesmo nenhum mal que possa nos ocorrer na vida.
E uma das verdades afirmadas por Deus tanto no Antigo Testamento quanto no Novo, é de que está do nosso lado o tempo todo. Na semana que vem vamos citar trechos da Bíblia com estas afirmações.
Lição: a fé não é na sua essência um sentimento, mas dar crédito total, absoluto às palavras de Deus. Nunca esqueçamos disto.